Descrição usada na mostra
A cédula de 500 cruzeiros fabricada em 1970, durante o governo ditatorial Médici, é talvez uma das representações mais racistas do povo brasileiro no dinheiro. Ao observar a nota dos deparamos com uma sequencia de personagens ; um indígena, um colonizador branco, um homem negro, um monarca branco e por fim um militar branco. Estas figuras não estão dispostas de modo aleatório, elas representam uma "evolução racial brasileira" concebida pelos militares do poder. O verso da nota confirma as suspeitas, através da representação de cada individuo há um mapa do brasil, através do indígena: o descobrimento, atrás do colonizador branco: comércio, atrás do homem negro: colonização, atrás do monarca branco: independência e atrás do militar branco: integração.
as descrições e nomes dos mapas nos dão uma ideia muito clara do que pretendia inserir no imaginário popular a iconografia da ditadura militar. Em sua concepção, o indígena é um ser do passado, sem lugar na sociedade atual, o colonizador branco não era um assassino, mas um comerciante inocente, o homem negro é visto apenas como escravizado, um objeto esquecido na contemporaneidade, o monarca branco, derrubado pelos militares, é um símbolo da liberdade e o militar branco, o ápice da evolução brasileira com suas novas rodovias.